B. F. Skinner: uma perspectiva européia (Marc N. Richelle)

Richelle, M. N. (2014). B. F. Skinner: Uma perspectiva europeia. São Carlos, SP: EdUFSCar. (Trabalho originalmente publicado em 1993).

Título original: B. F. Skinner: A Reappraisal
Tradução: Marina Souto Lopes Bezerra de Castro.


capa_RichelleO livro é muito bom! Escrito originalmente em 1993 como “B. F. Skinner: a reappraisal” o livro ainda é, 23 anos depois, instigante. Richelle faz uma ótima aproximação – sem mistura – entre o pensamento de Skinner  com o de Pavlov, de Freud, de Lorens e de Piaget. Richelle, aliás, foi aluno de Skinner e Piaget!

Há passagens memoráveis no livro. Logo no Prefácio, Richelle escreve: “Este livro é sobre Skinner, não sobre skinnerianos … Enquanto uma escola de pensamento, enquanto um movimento organizado, frequentemente identificado como os ‘analistas comportamentais’, os discípulos de Skinner, ou alguns deles, tiveram uma história bem diferente na psicologia americana. Entre outras coisas, eles se isolaram do resto da psicologia científica ao criarem suas próprias revistas e sociedades, ao se fecharem ao diálogo mais amplo com outras abordagens e ao desenvolverem uma impressão de ortodoxia, que nunca provou ser útil no progresso de uma ciência ou na disseminação de uma teoria” (p.12). Só esse trecho, me levaria a ler o livro!

James A. Dinsmoor, em sua resenha de 1994, do livro de Richelle, publicada no Behavior Analyst, discorda em parte dessas afirmações de Richelle. Reprova o uso da expressão “discípulos de Skinner“, usada por Richelle. Dinsmoor diz que os analistas do comportamento sempre estiveram aberto ao diálogo e identifica o “problema” em outro lugar: não na rejeição ao diálogo em si, mas no zelo missionário, em um certo ar de superioridade e no questionamento do status científico de outras abordagens na psicologia, que sempre foram traços difíceis de engolir em muitos analistas do comportamento. E Dinsmoor não poupa nem Skinner desta crítica. Porém, afirma Dinsmoor – e eu concordo plenamente – é difícil culpar os analistas do comportamento por suas reações diretas e firmes contra o que foi escrito sobre o air crib (o berço que Skinner construiu para a filha); o comportamento verbal e a instrução programada, para ficar apenas com três exemplos.

Richelle alerta que o livro não pretende fazer uma apresentação histórica da vida e obra de Skinner (ou seja, não se trata de uma biografia), mas pretende apresentar uma seleção de temas (admitidamente pessoal) que parecem, ao autor, mais ilustrativos da contribuição de Skinner, ou são temas especialmente mal interpretados ou aqueles amplamente negligenciados.

Concordo com Dinsmoor quanto ao fato do livro de Richelle não trazer nenhuma grande revelação (nova) sobre a obra de Skinner. Mas, particularmente, eu não acho que seja mais do mesmo. É o mesmo (a obra de Skinner, tantas vezes apresentada e comentada), mas com um outro jeito de apresentar o mesmo. Recomendo para todo aluno de Psicologia, quer se considere um analista do comportamento ou não.

Confira o sumário abaixo que, por si, já é bem interessante e leia também a resenha escrita por Bernardo Dutra Rodrigues no Boletim Paradigma de 2015 (pp. 11-12). E, claro, não deixe de ler este livro!


SUMÁRIO

Apresentação

Prefácio

PARTE I – QUESTÕES CONTROVERSAS E CONTRIBUIÇÕES INQUESTIONÁVEIS

1. Uma questão de controvérsia

2. Esboço de um retrato

3. A caixa de Skinner: um novo microscópio para a psicologia

PARTE II – SKINNER E A TRADIÇÃO EUROPEIA: PAVLOV, FREUD, LORENZ E PIAGET

4. A herança ambígua de Pavlov

5. Freud nos textos de Skinner

6. Skinner e a tradição etológica

7. Piaget e Skinner: construtivismo e behaviorismo

PARTE III – PEDRAS DE TOQUE DO BEHAVIORISMO RADICAL: CÉREBRO, COGNIÇÃO, LINGUAGEM E CRIATIVIDADE

8. Skinner e a biologia

9. Do mentalismo ao cognitivismo

10. A questão da linguagem

11. Processos do pensamento e criatividade

PARTE IV – O INTERESSE PELA VIDA REAL: UMA AVENTURA EM DIREÇÃO À UTOPIA

12. Saúde mental

13. Educação

14. Sociedade e utopia

15. Liberdade, finalmente…

Conclusão

Índice remissivo

Índice remissivo por autor

Referências bibliográficas


Marc_RichelleNascido na Bélgica  em 28 de fevereiro de 1930, Marc Richelle é Professor Emérito da Faculdade de Psicologia Experimental de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Liège, na Bélgica. Foi Director do Laboratório de Psicologia Experimental, Univ. suserano.

Fonte: http://www.babelio.com/auteur/Marc-Richelle/105711